Quando o espectador vira espetáculo: o futebol como campo de lutas simbólicas
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A formação do público do futebol no Brasil não é uma decorrência natural da assimilação deste esporte no país. Ela depende da consolidação dos processos que levaram à transformação do futebol em espetáculo de massas e em paixão nacional, ou seja, do surgimento do futebol como fenômeno econômico e cultural de ‘grande escala’ - momento a partir do qual este esporte deixa de ser uma atividade ociosa exclusiva de uma porção das elites urbanas. Agentes dessa transformação foram o Estado, os clubes, os atletas e de modo muito especial a imprensa, promotora da constituição de um público do futebol específico: robusto e ‘militante’. O surgimento, no final dos anos 60, das torcidas organizadas1 corresponde à versão exacerbada do que o jornalismo esportivo sempre destacou e, quando ausente, demandou com veemência: festa, colorido, alegria, compromisso, paixão. No entanto, também corresponde, não raras vezes, àquilo que a imprensa sempre condenou, mas nem por isso deixou de noticiar: a violência. As torcidas organizadas consolidam um processo em que a relação espetáculo-espetador redefine-se. Daí que pensarmos o espectador de futebol exclusivamente através da categoria público e/ou da categoria consumidor é insuficiente. A primeira, ao restringir o fato de torcer a um ato de contemplação, não dá conta da mudança efetuada na relação espetáculo-espectador. A segunda categoria, ao reduzir o espectador a mero consumidor e a relação espectador-espetáculo a uma troca econômica, tampouco consegue dar conta da referida mudança. Partindo deste conjunto de teses procura-se identificar o modo como um meio de comunicação deu visibilidade ao fenômeno, ou, em outras palavras, o modo como o tornou público ao lhe conferir o status de notícia, isto é, de mercadoria informativa. Dentro desta tentativa aparece uma outra: a de reconhecer a construção simbólica das torcidas organizadas feita pela mídia, rastreando as representações e significados que lhe são atribuídas. Presas a posturas populistas e/ou espetacularizadoras, descobre-se que as representações variam toda vez que vem à tona assuntos que põem em risco a manutenção do futebol como espetáculo de massas ao vivo e como expressão e fonte de identidade nacional: a própria violência nos estádios, mas também temas a adoção do modelo do futebol-empresa.
- Camilo Aguilera Toro, De cómo una estudiante del Liceo Benalcázar se convirtió en puta. (Una revisión de ¡Que viva la música!) , Nexus: Edición 6 (Julio - Diciembre 2009)
- Camilo Aguilera Toro, Gerylee Polanco Uribe, Imagen - Política , Nexus: Edición 10 (Julio - Diciembre 2011)
- Javier Aguirre Ramos, Camilo Aguilera Toro, Natalia López Cerquera, Procesos colectivos de apropiación de tecnologías de comunicación: el caso de 10 organizaciones civiles en Cali , Nexus: Edición 17 (Enero - Junio 2015)
- Camilo Aguilera Toro, Ángela María Osorio Rojas, Educación y comunicación masiva: los ECAES según la prensa escrita , Nexus: Edición 4 (Julio - Diciembre 2008)
- Camilo Aguilera Toro, Quando o espectador vira espetáculo (segunda entrega): jornalismo, futebol, violência e populismo , Nexus: Edición 7 (Enero - Junio 2010)
- Andrés Felipe Gutiérrez, Camilo Aguilera Toro, Producción documental en los años noventa , Nexus: Edición 1 (Enero - Diciembre 2005)
- Camilo Aguilera Toro, Gerylee Polanco Uribe, Sentidos del audiovisual según algunas organizaciones sociales regionales y según algunas políticas estatales nacionales: empalmes y desencajes. , Nexus: Edición 8 (Julio - Diciembre 2010)
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